Do portal: www.drvisao.com.br
O uso de equipamentos com telas cada vez menores nos escritórios, escolas e laser fez a miopia, dificuldade de enxergar à distância, crescer no mundo todo, inclusive no Brasil, principalmente entre crianças.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, hoje 1 em cada 2 crianças chegam ao consultório com os sintomas da CVS (Síndrome da Visão no Computador) – visão embaçada, olho seco, dor de cabeça, nas costas e pescoço. É quase o dobro dos 30% que apresentavam estes sintomas que têm uma estreita relação com a miopia durante a infância. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pelo médico em 2008 com 360 crianças que diariamente usavam o computador por, no mínimo, seis horas.
Na época, comenta, poucas crianças usavam o smartphone que acabava de entrar no mercado nacional. Ainda assim, a porcentagem de crianças míopes foi de 21% contra 12% no país. “Significa que a miopia pode ter causa genética ou ser causada por nossos hábitos”, afirma.
Exame no inicio do ano letivo
Hoje, crianças e jovens estão trocando o computador de mesa pelo smartphone ou tablet. As telas menores fazem com que a maioria segure o equipamento a uma distância de 25 a 30 cm do olho. O médico diz que o esforço visual para enxergar tão perto faz o sistema ocular perder o foco para longe com mais facilidade.
Isso explica porque as crianças devem passar por consulta com um oftalmologista todo início de ano letivo. O uso incorreto dos eletrônicos nas férias pode causar miopia e comprometer o aprendizado.
Pesquisas com medicamentos
Segundo Queiroz Neto, a progressão da miopia geralmente é mais intensa na infância. Acima de 6 graus, destaca, é uma das principais causas de deficiência visual e cegueira porque aumenta o risco de glaucoma e rompimento da retina. Por ser um engano acreditar que a miopia é genética e intratável, pesquisadores de diversos países estão buscando uma medicação que controle a evolução em crianças. Por enquanto todos os estudos estão sendo feitos com drogas off-label, ou seja, que não foram desenvolvidos para miopia, mas estão sendo testadas no combate ao problema, principalmente nos países asiáticos onde a prevalência chega a 80%.
Atropina tem bons resultados na Ásia
O médico diz que as 3 principais drogas utilizadas em pesquisas clínicas para controlar miopia são: atropina, pirenzepina e 7-metilxantina. Embora o FDA, agência americana similar à Anvisa não aprove nenhuma das 3 drogas para tratar miopia, o colírio de atropina, indicado para dilatar a pupila e paralisar os músculos ciliares durante exame oftalmológico, continua sendo usado no controle da miopia nos países asiáticos. Isso porque, depois de várias pesquisas frustradas pelos efeitos colaterais de fotofobia, ardência nos olhos e comprometimento da visão de perto, uma pesquisa realizada em Singapura diminuiu a progressão da miopia em 50%, além de tornar os efeitos colaterais mais brandos. Queiroz Neto conta que o segredo do estudo foi reduzir a concentração de 1% para 0,01% de atropina. A pesquisa foi conduzida durante 5 anos por Donald Tan com 800 crianças no National Eye Centre. Apesar de positivo, o resultado não é conclusivo. Isso porque, dois estudos anteriores apontaram efeito rebote, ou seja, aumento da miopia após cessar a medicação com 1% de concentração de atropina.
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